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Este trabalho de investigação centra-se no campo de pesquisa das dinâmicas de organização da comunidade cigana e das suas expectativas para o futuro, procurando contribuir para uma melhor compreensão da possível vontade e capacidade de mudança desta etnia, face à evidente necessidade de formação académica e profissional num mundo em constante transformação.
No plano conceptual e teórico, é apresentada uma breve exploração sobre a história deste povo ancestral com origens na Índia e de seguida são apresentados os contributos de autores nacionais e internacionais sobre a questão da inclusão e exclusão da população cigana nos vários domínios da sociedade, com maior ênfase na participação escolar.
É apresentada uma análise de um caso de um grupo de trinta indivíduos de etnia cigana de várias idades e dos dois sexos recorrendo a uma metodologia de investigação com duas fases de investigação empírica. A primeira fase, de natureza mais qualitativa, visou conhecer, através da técnica da entrevista, a posição mais pessoal dos indivíduos, face à situação escolar atual e futura. A segunda fase, de natureza mais quantitativa, centrou-se nas variáveis que caracterizam os indivíduos (idade, género e habilitações académicas) e nas variáveis que possibilitam compreender a identidade de um grupo social, permitindo identificar tendências dentro da nossa amostra.
Os dados demonstraram que o grupo em estudo tem vontade de mudar alguns aspetos intrínsecos à sua cultura; porém, não tem capacidade para empreender tal realização. É a sociedade que em paralelo terá um papel fundamental para a concretização dessa mudança.
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Escolhemos este estudo porque a formação académica, a participação da população cigana na vida da Escola e na sociedade bem como a sua inclusão são, desde há muito, temas que têm sido cada vez mais trabalhados pela nossa sociedade mas que apresentam, ainda, grandes desafios.
Tendo em conta as diversas mudanças sociais, económicas e políticas do nosso tempo há que tentar promover uma melhoria na formação académica das comunidades ciganas, na vida social e cultural tentando, para isso, compreender se existe, de facto, desejo e capacidade de mudança por parte das mesmas comunidades.
Este estudo realça, a necessidade de se realizarem mais estudos para compreender esta problemática, realçando a pertinência social e científica que estas investigações apresentam para os que têm um papel interventivo na integração desta minoria, em concreto, aqueles que fazem parte de instituições escolares.
Podemos, assim, encontrar neste estudo algumas características essenciais que as escolas deverão apresentar se pretendem ser democráticas e interculturais, capazes de reconhecer e incluir a diferença.
É de fato um estudo importante no reforço ao combate das desigualdades sociais, da promoção do respeito pela diversidade cultural e do questionamento de posições mono culturais, incentivando o desenvolvimento de políticas de justiça curricular e social para a promoção da inclusão de todos.
É verdade que a sociedade vivencia, ainda, muitos problemas no que diz respeito à dificuldade de integração e à incapacidade de lidar com a diferença, contudo, é fundamental conhecer para intervir, conhecer as dinâmicas sociais, económicas, culturais, educativas e familiares das crianças ciganas bem como, a implicação das crianças ciganas na busca de soluções adequadas.
O estudo, reforça também a questão do absentismo escolar por parte destas crianças muito relacionado com questões culturais da comunidade cigana levando-nos a refletir sobre os direitos das crianças, uma vez que o direito à educação é um deles.
Se por um lado na sala de aula e no trabalho concreto com os alunos existem ambientes pedagógicos favoráveis ao desenvolvimento académico e pessoal das crianças, por outro, existe no ambiente familiar constantes experiências de pobreza e insegurança. Neste sentido, o estudo pretende consciencializar-nos de que a relação professor-aluno passa por uma relação profissional mas também afetiva, assente no desenvolvimento de laços de amizade com as crianças e laços de respeito, honestidade e solidariedade com as suas famílias.
É, então, fundamental que se proponha uma análise pormenorizada das dificuldades relativas à inserção dos ciganos na sociedade para que se possam elaborar propostas que permitam contribuir para a eliminação de situações de exclusão social. Conscientes de que há uma história e hábitos culturais muito vincados neste grupo étnico, acreditamos ser possível um trabalho conjunto entre a Escola, instituição para a qual trabalhamos, e a etnia cigana, nunca perdendo de vista a ideia de que não basta este desejo da população cigana mas é necessário um voto de confiança da sociedade.
