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Trata-se de um estudo que teve como objetivos: comparar as experiências de agressão e/ou de vitimação que ocorrem na escola com aquelas que ocorrem no contexto de tempos livres e atividades de lazer, fora do contexto escolar, em duas regiões de Portugal; comparar as frequências dessas experiências no ano de 00/01 com as do ano 07/08 numa mesma escola; compreender o papel que as emoções desempenham associadas às condições de vítima e de agressor. Foi, então, utilizado um questionário de comportamentos referidos pelo próprio (auto-relato) para avaliar a agressão e a vitimação e um questionário de competência emocional para avaliar as emoções, em particular: a competência: para perceber e compreender emoções nos outros, para exprimir e nomear emoções, e para regular e gerir as suas próprias emoções. Os resultados enfatizam que as experiências de agressão e vitimação são mais frequentes na escola que nos tempos livres, sobretudo no que respeita às suas formas menos graves; que as vítimas parecem ter mais dificuldade em regular e gerir as emoções que os agressores e os não envolvidos; e que os agressores não se diferenciam dos não envolvidos no que respeita às várias dimensões da competência emocional avaliadas. Este tópico deverá ser objeto de mais estudos dada a popularidade que a educação emocional tem vindo a ter nos últimos anos.
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O ambiente escolar é o local onde todos os alunos passam grande parte da sua vida, quer-se, portanto, que seja um local seguro e saudável, por forma a todos poderem desenvolver as suas potencialidades intelectuais, afetivas e sociais. Contudo, diariamente centenas de crianças sofrem violências dentro da escola que poderão acarretar-lhes sérios danos físicos e/ou psicológicos.
Desta forma, escolhemos este trabalho com a finalidade de auxiliar professores e profissionais da educação a perceberem, por menor que sejam, alguns sinais de violência e intimidação dentro do ambiente escolar. Objetivamos criar uma consciência nestes profissionais de que eles podem e devem interferir contra esse tipo de prática que muitas vezes é vista como uma simples “zanga de crianças”.
Os temas do mau trato entre pares e a agressão no contexto escolar têm-se constituído como uma das grandes preocupações nas últimas décadas contudo, poucos estudos ainda se debruçaram sobre a comparação da frequência e tipo de mau tratos que ocorrem no contexto escolar com aqueles que ocorrem nos tempos livres, ou seja, no contexto das atividades de lazer, desenvolvidas fora da escola, daí a importância que o presente estudo assume nesta matéria. Isto, porque nos mostra que formas de agressão estão mais presente no contexto escolar e no contexto de lazer para que assim se possam criar estratégias para as resolver. Acreditamos que o primeiro passo a ser adotado para se intervir, combater e prevenir a violência e a discriminação na escola é consciencializar pais e educadores para ensinar às crianças o cultivo do respeito ao próximo, da tolerância com o diferente, ensinando ainda que “ser diferente” não é sinônimo de ser inferior. O diálogo constante dos professores com os alunos também se assume de extrema importância no combate e na erradicação da violência escolar.
Esta investigação é, também, um incentivo a que se aprofundem as questões que possam contribuir para clarificar o papel da competência emocional na experiência de vitimação e de agressão. É também um estímulo para que as escolas apostem no reforço da competência emocional dos alunos, em particular no ensino da regulação e gestão das emoções, uma vez que poderá ser uma forma eficaz de ajudar as vítimas a lidar com este tipo de eventos. É um fato que a falta de competência para regular e gerir as emoções, nomeadamente o medo, a tristeza e a raiva pode tornar as crianças mais vulneráveis à vitimação. Pelo contrário, se pais e professores apostarem numa adequada gestão de emoções por parte de crianças e adolescentes poderá dissuadir os agressores ou mesmo capacitar a vítima a procurar ajuda ou a defender-se mais eficazmente das agressões. O que se pretende com a divulgação deste tipo de estudos, é despertar uma maior preocupação perante este tipo de problemas por parte de direções de escolas pais e professores para que se consiga diminuir os níveis de incidência destes comportamentos através de programas de intervenção e formação para todos os que lidam diariamente com esta problemática.